Cristiane Palmeira Daros é menina inquieta. No interior de São Francisco de Paula, ela mora com os pais e a irmã. A localidade se chama Campestre do Tigre e foi onde a jovem agricultora decidiu ousar junto com a sua família: mudar de convencional para orgânico o plantio de uvas da variedade bordô que a família vinha mantendo.
Foi o conhecimento que a garota obteve no primeiro ano de EFASERRA, em 2017, que a fez bater um papo cabeça com os pais. Aliás, a rotina e os rumos da propriedade são sempre motivo de conversa na casa dos Palmeira Daros.
Por isso, não foi surpresa a mudança de sistema de cultivo das uvas receber a concordância do pai, Suzeni de Vargas Daros, e da mãe, Seloni Palmeira Daros, e também o apoio da irmã Aline.
Tudo se iniciou quando Cris precisou pensar em seu Projeto Profissional do Jovem (PPJ), trabalho exigido para conclusão do Ensino Médio e Curso de Técnico em Agropecuária na EFASERRA. Foi aí que a estudante imaginou o cultivo de orgânicos em toda a propriedade. A ideia era não ter seu trabalho final ligado a agrotóxico, ainda mais porque o pai não usava muitos químicos.
Com o passar do tempo, a partir do aprendizado nas aulas, conheceu mais sobre a importância de alimento saudável para os consumidores. Os saberes do Jovem Aprendiz, programa que cursou nos dois primeiros anos na Escola, também ajudaram com esclarecimentos, pois foi a primeira turma de Jovem Aprendiz Cooperativo do Campo.
Hoje, Cristiane participa de toda a rotina da propriedade, do plantio ao investimento financeiro. No caso das videiras orgânicas, na primeira colheita, veio uma caixa de uva, apenas. Mas a cada ano aumentou e, na safra 2020/2021, são previstas 50 toneladas de uva orgânica.
O pai conta que sempre ouviu que ecológico não daria certo. Mas, depois que a filha ingressou na EFASERRA, aprendeu instruções técnicas com ela e viu que o que diziam era mito. Plantio de orgânicos dá certo e ainda gera mais saúde. Sem contar que a uva orgânica tem mais valor agregado.
Atualmente, tudo o que é produzido nos 2,5 hectares de parreiral da família tem um destino: elaboração de suco na Cooperativa Agroindustrial Nova Aliança, em Flores da Cunha. Segundo o pai Suzeni, a transição ocorreu de maneira tranquila. Em termos de assistência técnica, a cooperativa forneceu todo acompanhamento, além da assessoria para a certificação orgânica. A propriedade dos Palmeira Daros é a primeira da comunidade de Campestre do Tigre, em São Francisco de Paula, a receber a certificação de produção de uva orgânica.
Diante do suco envasado pela cooperativa e as garrafas dispostas nas prateleiras dos mercados, Cristiane diz que a sensação é de felicidade e satisfação. “Sinto-me feliz conseguindo elaborar um produto que não vai causar problemas de saúde a quem o consumir. Minha uva está aqui. Aqui tem minha uva, um produto de qualidade, que é valorizado”, comemora a jovem.
Questionada se trocaria o campo pela zona urbana, a estudante acredita que não se acostumaria a viver em cidade grande, já que tem uma terra para chamar de sua. “Gosto do campo”, diz ela, que vai se formar como técnica em agropecuária em 2021.
A família mora nos Campos de Cima da Serra há 22 anos. Os pais relatam que, quando as meninas eram pequenas, havia criação de gado e era tradição na família destinar alguns dos animais aos netos. Por ser a primeira neta, Cristiane ganhou várias cabeças. Só que, quando ela chegou aos cinco anos e a irmã era bebê, o pai vendeu todo o gado para iniciar o parreiral. Assim, as garotinhas passaram a não ter mais gado, mas ganharam 0,6 hectare de videiras, entre as duas. Desde criança, Cristiane recebia dinheiro da produção que havia herdado. E, desde sempre, conversa em casa sobre a situação econômica da família, o que a move a planejar o futuro e a tomar decisões quando os assuntos lhe inquietam e instigam a inovar, como fez, transformando os parreirais em renda ainda maior do que já recebiam.
Conteúdo produzido para publicação do projeto Juventudes e Saberes: Alternância que constrói, idealizado pela EFASERRA e viabilizado por meio do Termo de Colaboração FPE Nº 2564/2019, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, através da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR).
QUEM FAZ NOSSA
HISTÓRIA

Família do estudante Artur Bonatto Cantele
São Luiz da Sexta Légua - Caxias do Sul

Família dos estudantes Dioni e Ione Castanha
Protásio Alves

Família da estudante Isadora Bolson Camêlo
Vila Oliva - Caxias do Sul

Família do estudante Lucas Lando
Cotiporã

Família do estudante João Marcelo Costa
Protásio Alves

Família da estudante Kertlin Haas
Brochier

Família do estudante Guilherme Bampi
Caxias do Sul

Família do estudante Gabriel Lorenzon
Carlos Barbosa

Estudantes Melquíades e Matheus De Bastiani
Nova Roma do Sul

Família do estudantes Alan Siviero Peruzzo
Cotiporã
